– REGINALDO DA PAZ
Catador de materiais recicláveis e artesão, gosta mesmo de ser chamado de garimpeiro, justificado pelo prazer em fazer a triagem dos produtos, o que considera grande fonte de riqueza. É o Reginaldo Cabral, de 60 anos, que foi rebatizado pelo povo de Reginaldo da Paz. Diariamente, costuma ganhar as ruas bem antes das 4h da manhã, correndo com muita disposição. Para além da geração de renda para a família, incluindo a esposa em tratamento de saúde, ele contribui com o meio ambiente, coletando itens como garrafas pet e latinhas, descartados indevidamente nas vias.
Quando o sol surge, ele segue transmitindo o seu carisma pela faixa da orla ou no Sítio Histórico, sendo sempre saudado por banhistas, moradores ou turistas. A disposição e o sorriso no rosto são elementos que não podem faltar, cumprimentando a todos e motivando quem encontra no percurso. Reginaldo é um apaixonado pelo Carnaval de Olinda, figura assídua nas manifestações culturais. Costuma ajudar com o seu trabalho, um artesanato produzido com carinho na própria casa, localizada na comunidade do Alto do Morro da Saudade.
Sua arte mais famosa está presente no coração de todos os foliões. É uma espécie de estandarte, em forma de coração vermelho, produzido com tampinhas de garrafa, chapas de alumínio trançadas e madeira. No topo, a pomba branca representa o Espírito Santo. No centro está a palavra Paz que originou seu apelido. É o elemento que não falta, iluminando todos os encontros do maior Carnaval do mundo, na Marim dos Caetés.
– LORD DE OLINDA
Mario Medeiros Raposo foi a expressão da alegria, beleza e tradição do Carnaval de Olinda. Seus trajes requintados marcaram a festa, seguida com muito orgulho e afinco por ele, até o fim da vida. Fraque preto, luvas brancas, cartola e guarda-chuva. Assim desfilou por 63 anos o servidor, que era Guarda Municipal e ganhou o título de Lord. Sua história, teve como origem a vestimenta, um presente especial recebido na década de 30, pelo seu avô português.
Foi esta aparência peculiar, mesmo em meio ao calor da festa, que lhe rendeu este título de nobreza. Durante o período de momo, o Lord de Olinda desfilava pelas ruas do Sítio Histórico, não passando despercebido. Hoje, filhos, netos e demais brincantes reverenciam sua memória, em meio a carinho e muita saudade. Mário ganhou um boneco gigante, que a cada ano encanta mais seguidores. A elegância inglesa, mas de alma pernambucana, alegrou a folia do maior Carnaval do Brasil. Partiu em 2006, tornando-se um grande mito.